28 janeiro 2018

Disneyland Paris para adultos: felicidade não tem idade

Pedimos ao casal Marco Grieco e Simone Monassa, de Portugal, que dividissem conosco a experiência de visitar a Disneyland Paris sem crianças. O relato empolgante abaixo comprova a influência mágica da Disney sobre todos os tipos de família!



Ir à Disneyland Paris sem crianças não tira o encanto da experiência. Muito pelo contrário, já que nós, adultos, voltamos à infância e vibramos com cada personagem, com cada atração, com cada recanto do mundo mágico criado pelo visionário Walt Disney há quase um século. Eu e minha mulher – que também somos do século passado – não nos arrependemos 

Quando comecei a escrever este texto, pensei em chamá-lo simplesmente "Disney para adultos", mas poderia correr o risco de ser censurado... Assim, para evitar qualquer mal-entendido, mais vale ir direto ao assunto e responder à pergunta que serviu de mote para estas linhas: vale a pena ir aos parques da Disney sem levar crianças?    

Antes de ir, a resposta não parece óbvia, mas é. A não ser que o viajante tenha vivido noutro planeta nos últimos 80 anos – época em que foi lançado o primeiro longa-metragem de animação da Disney, “Branca de Neve e os Sete Anões”, de 1937 – é impossível não ter travado contato com a arte de Walt Disney e suas personagens eternas.


E, mesmo para os mais sisudos que renegam o imaginário das princesas e dos contos de fada, o universo Disney hoje em dia já vai muito além dos príncipes encantados, dos animais que falam ou das bruxas malvadas. Vai ao infinito e mais além de “Toy Story”, ao riso enquanto combustível de “Monster Inc.”, ao delicioso acaso dos super-heróis de “Incríveis”, à guerra entre o bem e o mal de “Star Wars” e muitos outros mundos...

Vale a pena, sim. Vale muito a pena!


E para a experiência ficar completa – e mais confortável, já agora – é recomendável ficar num dos hotéis da Disney. Há para diferentes gostos e vontades e, principalmente, para diversos orçamentos. Nós ficamos no Disney´s Sequoia Lodge, que recria o ambiente das montanhas americanas, com direito a lareiras acesas ao fim da tarde, caso o clima assim o permita ou obrigue.




Além da proximidade aos parques propriamente ditos – menos de 500 metros a pé –, os cafés da manhã são altamente recomendáveis e as fotografias com algumas das personagens incontornáveis. Mesmo se tiver de enfrentar filas, normalmente são apenas os hóspedes do seu hotel que aí estarão. 

Todas as manhãs vai poder abraçar uma personagem diferente, com muito tempo para fotos – as oficiais e as pessoais, com o seu celular, estas últimas sem custo acrescido.


Ainda em relação às fotos, se desejar registar todos os momentos sem grandes preocupações com ângulos, focos e afins, pode sempre comprar o “PhotoPass” numa das dezenas de lojas do parque. 

Funciona como uma espécie de portfólio particular e pode adicionar quantas fotos quiser, com as personagens e nas atrações onde haja o serviço. Só não esqueça de passar pelos balcões das atrações sempre que quiser guardar uma foto. Nós não percebemos logo o funcionamento do cartão e acabamos por perder algumas delas…

E por falar nas atrações, uma vez mais, tudo vale a pena! Desde o trem que dá a volta ao parque até o teatrinho das crianças – que, confesso, acabamos por assistir por engano. Os brinquedos mais radicais estão quase sempre cheios, com algumas filas que podem chegar a horas de espera. Mas, com algum planeamento, consegue-se andar em tudo.

Se estiver sozinho ou for o único corajoso do grupo, pode tirar proveito das filas especiais para “solitários” e desfrutar da companhia de… estranhos. Alguns dos divertimentos mais concorridos permitem também a marcação de horas específicas para a sua utilização – através do FastPass –, evitando esperas e rentabilizando ainda mais o seu tempo, que mesmo assim vai parecer sempre pouco para tanto o que fazer.


No Disneyland Park (aberto das 10:00 às 20:00, ou a partir das 8:30 para quem está nos hotéis do parque) há cinco zonas principais a visitar. Na avenida principal ou “Main Street USA”, vai encontrar diversas lojas a tentar seduzir as suas indefesas notas de euro ou os seus aflitos cartões de crédito. Vai ser preciso muita força de vontade para não se deixar encantar por toda a sorte de lembranças, brinquedos, camisetas e acessórios. É nesta mesma via que passa o desfile das personagens, todos os dias às 17:30 horas. Imperdível. Para miúdos e graúdos! 

Na “Frontierland”, não deixe de ir à “Big Thunder Mountain”, trenzinho radical que percorre as minas com uma velocidade estonteante – mas sem “loopings” ou manobras de 360º, o que não afastou a minha mulher de se divertir.

A casa mal-assombrada “Phantom Manor” também é uma aposta, já que por vezes fica meio esquecida. Numa das vezes que lá fomos não havia fila e tivemos de bater à porta para perceber se estava a funcionar.

Na “Adventureland”, o segredo mais bem escondido é a montanha-russa do “Indiana Jones”, esta sim com um singelo “looping”, mas sempre com menos de 5 minutos de espera. Talvez porque o velhinho Harrison Ford já não esteja na moda ou apenas porque fica escondida num dos cantos do parque…

A atração renovada dos “Piratas do Caribe” ainda não estava funcional quando lá fomos, mas também deve merecer uma visita.

A “Fantasyland” é a festa da criançada! Sem levar crianças pequenas, esta será provavelmente a área menos aliciante do parque. De qualquer forma, não pode ficar esquecida. Se, como eu, tem uma princesa que já não é assim tão criança em casa, vai acabar por perder algum tempo na fila para encontrar a Bela Adormecida ou a Branca de Neve. Ou pode deixá-la a viajar nos seus devaneios e ir para a “Discoveryland”, em busca de emoções mais intensas…

Aí, a supersônica montanha-russa “Star Wars Hyperspace” (N.E. versão sazonal da Space Mountain) ou a atração em 3D “Star Tours: The Adventure Continue”, onde vai embarcar numa nave espacial pilotada pelo reluzente “C-3PO” não vão desapontar os mais sedentos por aventura. Se ainda sobrar fôlego, pode sempre prestar vassalagem ao mestre do mal, “Darth Vader” em pessoa – ou em armadura e capa, para ser mais rigoroso – nas instalações da sua Estrela da Morte.


No Walt Disney Studios Park (aberto das 10:00 às 18:00), a montanha-russa dos Aerosmith deixa qualquer um de cabelo em pé. Já a “Crush Coaster”, da tartaruga amiga do Nemo, apesar do ar inofensivo, deixou-me a mim e à minha mulher enjoados, com tantas piruetas e descidas com o carrinho a andar de costas.

Para conhecer alguns dos efeitos especiais mais impressionantes, é obrigatório o “Studio Tram Tour: Behind the Magic”, ou seja, uma breve viagem pelos bastidores das filmagens. E para uns tantos segundos de queda livre, não pode perder a “Twilight Zone Tower of Terror”, terrorífica torre inspirada na antiga série que ficou conhecida no Brasil como “Além da Imaginação”, com os seus sarcásticos camareiros e velhos elevadores pouco confiáveis.

Na “Aventura Ratatouille”, além de entrar literalmente no filme através de uma deliciosa perseguição em 4D, pode ainda almoçar no famoso “Bistrot Chez Rémy”, mas, de preferência, sem ratos ou ratazanas a cozinhar… Recomenda-se marcação e com muita antecedência. Ficamos cinco dias no parque e não conseguimos mais do que visitar a sala de entrada do restaurante.



Mas com estrelas Michelin ou não, tanta adrenalina também abre o apetite. A oferta é consistente, mas os preços salgados. Na avenida de entrada dos parques, a Disney Village, há uma série de restaurantes. Desde o sempre mais acessível “McDonald’s” a um “Planet Hollywood” – originalmente propriedade dos astros Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis –, passando por pizzarias, outras lojas de fast food e o “Rainforest Café”, inspirado nas florestas tropicais da Amazónia.


Caso resolva fazer as refeições nos restaurantes dos parques, prepare-se para pagar cerca de 30 euros por pessoa. Nós fomos com meia-pensão e tentamos variar de cardápio durante a estadia. O “Planet Hollywood”, o “The Steakhouse”, o “Sports Bar” e o “Silver Spur” foram algumas das escolhas. Uma vez mais, marcar é fundamental. De outra forma, pode acabar por ter de comer sempre no restaurante do hotel ou nas opções menos pitorescas.



Para finalizar em grande estilo, a cereja no topo do bolo, que enche a alma de alegria e os olhos de lágrimas, é o maravilhoso espetáculo noturno de luzes projetado no castelo. De animação em animação, conta-se aí a história de mais de 80 anos de sucesso de um visionário, bem como os 25 anos de história da "Euro Disney" (como era chamado anteriormente o resort) propriamente dita. Um show tão especial que mereceu e merece repetição. Não foi o nosso caso, mas mesmo debaixo de chuva, de neve, de frio…

O poeta português Fernando Pessoa não teve a oportunidade de ir à Disney – que azar o dele! –, mas já versava que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”… E aqui vale a pena porque voltar a ser criança vale sempre a pena, porque felicidade não tem idade e porque, no fim das contas, viajar é o único investimento que nos deixa sempre mais ricos! Com filhos pequenos, grandes, sem filhos, não espere nem desespere, a Disney é diversão garantida.

* Marco Grieco é diretor de Arte e Simone Monassa,  jornalista. Eles conheceram-se no Brasil e foram morar em Cascais, na chamada Grande Lisboa. 

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